O Banco
Há dois, três anos comprei um pequeno banco. Banal, de plástico branco, a única finalidade era a de chegar aos pontos mais altos, onde o meu metro e sessenta e três não me permitia chegar.
Um dia lembrei-me de o usar para me sentar frente ao caixote do lixo a descascar batatas e imediatamente fui transportada trinta e muitos anos atrás. E eu já não era eu, era a minha bisavó materna, com oitenta e poucos anos, numa pequena aldeia do Douro a descascar batatas para o almoço da família. E o que tinha à frente não era um caixote de lixo azul mas um velho balde preto para onde caiam as cascas para mais tarde alimentar os animais.
E aquele pequeno e banal banco de plástico onde me sentei, deixou a sua trivialidade e passou a ser um elo de ligação entre o meu eu e as mulheres que me correm no sangue.